1 de out. de 2008

Quem é Analfabeto?



É polêmica a definição de analfabetismo. No Brasil, considera-se oficialmente alfabetizado quem sabe escreve um simples bilhete. Mas existem estudos indicando que quem não foi pelo menos quatro anos à escola, pode ser um analfabeto de fato.
Sem esses quatro anos para fixar as letras, a pessoa esqueceria o que aprendeu. Dentro desse critério, calcula-se que 41% dos brasileiros seriam analfabetos. Essa taxa tem um grave efeito político.
A democracia é o regime que garante a liberdade de todos escolherem os seus governantes. Mas só existe liberdade quando se pode optar. E só existe opção quando se tem informação.
Apesar das advertências sobre suas contradições, publicadas em jornais e revistas, Fernando Collor venceu as eleições á Presidência. Havia uma série de dados mostrando a diferença entre o que ele prometia e o seu passado, inclusive no campo da moralidade.
Por isso, a educação é um dos pilares básicos da democracia. Quanto maior a politização, mais difícil será a vida dos demagogos. Não é apenas uma questão política, mas de reclamar por todos os seus direitos. O direito de não morrer na fila do INSS, de ter seus direitos trabalhistas garantidos, de ser indenizado por ter ingerido produtos estragados, etc.

Gilberto Dimenstein em ‘O Cidadão de Papel’


Comentário de Luiz Carlos de Souza Santos:

Collor veio de Alagoas, um estado do Nordeste, uma região de peões e coronéis. Como todo bom patrício nordestino Collor aprendeu bem as técnicas de idiotificação com os velhos coronéis do sertão, tão bem que ludibriou o Brasil todo.
Um pobre sindicalista e ex-torneiro mecânico, de aparência rústica e fala ruin mas ainda assim um autêntico representante popular não foi páreo ao rapaz rico, branco, de boa lábia,bons modos e bem vestido mas com um caráter de mafioso que teve facilidade em dissimular para os alfabetizados que não queriam ser governados por um metalúrgico e melhor ainda para os analfabetos que se quer sabiam ler os jornais.
A técnica é bem simples, tanto que até um analfabeto pode entender, basta investir menos de 4% do PIB nacional em educação, só por dizer... de faz de contas.
Esse dinheiro da pra encher uma sala de aula de 10x10 metros com 50 ou 60 alunos, mal-pagar os professores e para o pão amassado com goiabada da merenda. Pronto! Tudo fica muito bem: os governantes fingem que investem em educação, os professores fingem que ensinam, os alunos não aprendem, crescem e se tornam adultos idiotas, e votam no político que melhor dominar a arte de idiotificar, este por sua vez finge que é honesto que se importa que tenha compromisso e que vai mudar as coisas. Eis o ciclo de sucesso que fará com que o Brasil se torne uma grande nação!

Muito obrigado, minha gente!

Pedofilia Midiática


A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pedofilia é presidida pelo senador Magno Malta (PR-ES) e tem como relator o deputado Geraldo Resende (PMDB-MS), começo seus trabalhos em Abril deste ano, quase vazia e sem mídia, a comissão logo ganhou espaço em meio a uma maré de denuncias e a cobertura insistente da mídia, principalmente a TV Record, que parece não perder sequer uma prisão de pedófilo Brasil afora.
O que o cidadão comum e normal sente quando ouve manchetes como: “Pai abusou da própria filha de cinco anos”, “Mulher obrigava irmão de criação de 3 anos a manter relações sexuais” ou então “Avô que abusava de filha, agora molesta a neta”? Como é que você se sente? Certamente – se você for normal e não um deles – você sente asco, revolta e até certa incredulidade. Afinal como conceber que adultos possam sentir atração sexual por crianças e que alguns pais, mães, padastros, tios e professores, que deveriam apenas orientar, dar amor e carinho e garantir que a criança cresça feliz e saudável, preferem seduzi-las, machuca-las e viola-las, como se fossem seus “bichinhos sexuais”.
Decerto esta perversão sexual só é possível de analise á luz dos conhecimentos médicos adquiridos sobre o funcionamento do cérebro e do ciclo hormonal. De qualquer forma não é o meu objetivo neste artigo falar sobre o que faz alguém “gostar” de crianças, mas sim discutir o trabalho da mídia em conscientizar sobre o problema.
Logo depois que o Caso Isabela (a menina que supostamente foi asfixiada pela madrasta e jogada do sexto andar do edifício London pelo próprio pai, em São Paulo) começou a esfriar, a TV Record precisava de mais um show sensacionalista para garantir a audiência dos seus telejornais e também de seu novo canal: o Record News TV. Então houve a prisão daquele pai de santo que aliciava crianças, ás drogava e as oferecia a pedófilos, em troca, esses o sodomizavam, ou seja, introduziam o pênis em seu ânus e iniciavam o coito retal, perversão sexual na qual o pai de santo era (e ainda deve ser) viciado, enquanto seus parceiros eram (e certamente ainda são) tão viciados em violar crianças que não se importavam com o “inoportuno temporário”. Um desses parceiros era um tenente da Polícia Civil Fernando Neves que foi um dos policiais que atenderam a ocorrência no edifício London. Um dos advogados do casal Nardoni chegou a afirmar que o tenente havia dito para procurarem por um pedófilo que estaria pelas redondezas e poderia ter sido aquele que realmente a agrediu e a jogou pela janela, mas isso não se confirmou e a promotoria e a policia afirmam que é impossível que tenha havido uma terceira pessoa adulta no local do crime.
“Pedofilia, violência contra crianças. Isso deve dar audiência!”, deve ter pensado o diretor de jornalismo da TV Record. O que se seguiu pareceu até uma piada: os jornais da Record chegavam a mostrar até 3 casos de pedofilia em um único dia e o seu principal jornal, o Jornal da Record, exibiu uma série de cinco reportagens especiais sobre o tema durante uma semana.
Um crime, uma perversidade que não existe de hoje e nem é própria apenas do nosso país; de repente é mostrada e discutida amplamente na televisão, sendo que antes pouco se falava no assunto e pouca repercussão se dava aos casos. Isso por um lado é bom: com a divulgação as vítimas passam a tomar coragem para denunciar os abusos que sofrem e as pessoas ficam mais atentas aos sinais. É como se algo só existisse se a televisão diz que existe ou que muitas mães não acreditam em suas filhas a não ser que algum “especialista” diga na TV que se devem levar essas coisas a serio. Por outro lado: cria-se um clima de histeria coletiva, um clima de caça as bruxas onde inocentes podem ser acusados injustamente para depois caírem nas mãos de uma multidão enfurecida que rapidamente praticará um linchamento sem piedade.
Algum draconiano deve dizer que é melhor correr o risco de punir implacavelmente um inocente do que deixar que um culpado escape a lei e siga impune. É bom lembrar que tal pensamento, que pode muito bom ser transformado em comportamento, era típico dos bárbaros medievais e é incompatível com o Estado Democrático de Direito.
E já começam a aparecer casos de tentativas de linchamento de suspeitos de atentado violento ao pudor ou estupro contra crianças e adolescentes. Torço para que episódios como o da Escola Base não se repitam, pois seria a lamentável constatação de que ainda estamos na Idade Média, embora na “Idade Mídia”.

27 de set. de 2008

PARTE IX: FELICIDADE: Uma Pesquisa Científica.

Aprendi a procurar a felicidade limitando os desejos, em vez de tentar satisfazê- los.
J. Stuart Mill.

Por Neilton Lima. Professor, pedagogo e pós-graduando em psicopedagogia.

"Imagine um pescador que passa o dia inteiro no mar, tendo como vista uma bela praia do oceano Pacífico. Este mesmo indivíduo vive em média 68 anos, nunca será rico, mas consegue obter seu sustento sem deixar de preservar a natureza local. Imaginou? Pois é este o perfil das pessoas mais felizes do mundo, segundo estudo divulgado recentemente.
São eles os 211 mil habitantes da pequena Vanuatu, um arquipélago com 83 ilhas no Oceano Pacífico, distante 1.750 km da Austrália, que vivem da pesca, agricultura e de um turismo ainda pouco explorado. Longe do ideal de felicidade da maioria da população mundial – que imediatamente associa o termo com dinheiro e prazeres – os vanuatenses têm uma vida pacata, preservam sua praias e florestas e, em média, declaram-se satisfeitos com a própria vida. Quem estaria certo? O estudo? Os pescadores do Pacífico?
O Índice Planeta Feliz (IPF) foi criado com o objetivo de medir o grau de felicidade de uma população. No total, 178 países se classificaram a partir de um critério curioso: a comparação entre a expectativa de vida, o sentimento de alegria na população e quantidade de recursos naturais consumidos no País.
Surpresa!!! Vanuatu ficou em primeiro lugar. Os outros que lideraram as primeiras colocações na lista foram países latino-americanos que costumam ficar nas últimas colocações de qualquer outra lista econômica: Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Panamá, Cuba, Honduras, Guatemala e El Salvador.
Inversamente, os países mais ricos do mundo, como Estados Unidos e França ocuparam as últimas posições devido ao consumismo desenfreado de sua população, que destrói o ambiente e não é capaz de deixar seus cidadãos felizes.
O Brasil ocupa a 63ª colocação, coincidentemente a mesma posição em que está no ranking de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas (ONU), que também mede a qualidade de vida da população mundial.
O resultado da pesquisa parece mostrar que viver em lugares paradisíacos pode ser mais satisfatório do que acumular riquezas. Ou seja, o dinheiro contribui, mas não é o grande responsável. No entanto, isso não justifica a miséria das nações pobres.
"

Aquele Abraço!

REFERÊNCIA:

FILOSOFIA, Ciência & Vida. É possível ser feliz? - São Paulo: Escala.

25 de set. de 2008

PARTE VIII: A Paixão na Perspectiva da Felicidade

A paixão pode ultrapassar barreiras sociais, diferenças de formação, idades e gêneros. A paixão completamente correspondida causa grandiosa felicidade e satisfação ao apaixonado, pelo contrário qualquer dificuldade para atingir essa plenitude pode trazer grande tristeza, pois o apaixonado só se vê feliz ao conseguir o objeto de sua paixão (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.)
Por Neilton Lima*
*Professor, pedagogo e pós-graduando em psicopedagogia.

Imagine alguém que acaba de se apaixonar. É possível que essa pessoa passe a viver um momento de extrema felicidade. Pelo menos se essa paixão for equilibrada, correspondida ou enquanto ela durar. Como a paixão é passageira, ela não significa necessariamente felicidade segura e permanente no amor. A paixão tem dois vieses: é acompanhada de prazer ou de sofrimento.
Aristóteles entende a paixão como um elemento intrínseco ao ser humano que não deve ser nem extirpado nem condenado, mas dominado e nunca reprimido. O homem não escolhe suas paixões, por isso não é responsável por elas, mas sim pela influência delas nas suas ações. Assim, o homem virtuoso é, nesta perspectiva, aquele que aprimora a sua conduta para saber utilizar, nos seus atos, a medida exata de paixão. Ou seja, a paixão dá estilo e unidade às nossas condutas e comportamentos, então nem pensar na justificativa de ações desequilibradas como arranhar a moto do namorado ou bater na cara da namorada porque “sinto por você uma forte paixão”. A paixão não é algo que nos leva a praticar uma ação ruim malgrado nossa vontade: um "crime passional". Todo adulto normal deve ser responsável por suas paixões e arcar com as conseqüências de seu mau.
O mestre diz que a paixão deve estar a serviço do logos, do conhecimento, da razão. O homem virtuoso é, então, aquele que age em harmonia com suas paixões; que alcança o equilíbrio logos/paixão. Em suma: Aristóteles compreende a paixão como "uma tendência implantada na natureza humana, mas eminentemente suscetível a ser educada”.
O tipo de paixão que estamos falando é a que se relaciona com o sentimento ou desejo amoroso. É um sentimento de desejar, querer, a todo custo o calor do corpo de outro ser. Fiz essa ressalva porque para Aristóteles o medo, a inveja, a audácia, a amizade, etc. também são tipos de paixões. Com relação à paixão amorosa, nossa posição é má se a sentimos de modo violento, obsessivo ou de modo muito fraco e tímido; e boa se a sentimos moderadamente; e isso vale para todas as outras paixões. Pois até certa dose de raiva e sofrimento não faz mal a ninguém, aliás, somos humanos.
A paixão equilibrada não torna uma pessoa má ou boa, mas as virtudes e os vícios sim. A pessoa virtuosa escolhe ser boa, assim como a pessoa viciada tem disposição para ser má, mas a pessoa apaixonada não tem escolha. Por isso a pessoa apaixonada não é louvada nem censurada pela simples faculdade de sentir a paixão. É um sentimento natural que se desperta.
Falamos de paixão equilibrada, vamos tentar entender isso melhor nas palavras de Aristóteles. “Meio-termo em relação a nós” quer dizer aquilo que não é nem demasiado nem muito pouco. Ou seja, se dez é demais e dois é pouco, seis é o meio-termo. Esse seis seria uma paixão equilibrada. Mas é importante destacar que esse ponto de equilíbrio ou meio-termo não é igual para todos: cada um alcança o equilíbrio que lhe é próprio dentro de sua história. O meu ponto de moderação pode não ser o seu, mas nem por isso perdemos o equilíbrio.
Quando a paixão ganha poder de raciocínio e cai na realidade pode desaparecer ou virar o AMOR. O tempo que dou para “cair a ficha” pode ser um dia, uma semana, um mês, mas não ultrapassa três anos. E se você quer saber uma boa maneira de diferenciar a paixão do amor repare no comportamento: se some, não procura a pessoa (foi paixão) se sentir falta ou ficar desesperado (é amor ou já esta se transformando).
A perspectiva de vida da paixão é de quatro anos, dificilmente vive até ou mais do que isso. Embora seja mais ativa e romântica do que o próprio amor, não significa que é melhor a este. A paixão é um encanto passageiro, enquanto o amor é algo que se solidifica com o tempo (será!? Veremos em outro ensaio), e nunca mais pode ser quebrado. Já a paixão, não há como se solidificar, eternizar.

Se a paixão é autônoma e passageira, pode nos dar dor ou sofrimento, é sensato viver o momento de paixão com astúcia dosada para não comprometermos nossa felicidade. A paixão bem vivida pode nos levar ao aprimoramento pessoal. Sendo assim, deve-se estar suficientemente treinado para não se deixar levar pelas armadilhas da paixão e ser tragado por ela.
Resta concluir com algo importante: as paixões desenfreadas, em geral, nada possuem de prazeroso, realizador e feliz, mas, na tentativa de sua conversão em realidade concreta, acabam por resultar em frustração, extremo sofrimento, depressão e verdadeira e insana melancolia, daquelas em que o apaixonado se compraz em revirar e atiçar as brasas do próprio sofrimento. Por isso dizemos que o homem ou a mulher feliz não é escravo das suas paixões.


Aquele Abraço!


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Martin Claret: 2003.

Disputa entre teles faz iPhone ser lançado nesta 5ª à noite

SÃO PAULO (Reuters) - A disputa acirrada entre as operadoras de telefonia móvel do Brasil fez com que o lançamento do iPhone, celular da Apple de longa data aguardado pelo mercado, fosse agendado para a noite da próxima quinta-feira.
Na semana passada, artigos na imprensa brasileira diziam que o iPhone seria lançado na próxima sexta-feira pela Vivo. Hoje, entretanto, a Claro, da mexicana América Móvil, distribuiu convite para um evento social de lançamento do iPhone nesta quinta de noite, onde convida as pessoas a conhecer o aparelho "em primeira mão".
A Vivo, entretanto, também prepara um evento para o mesmo dia e horário, segundo fontes próximas à operadora.



A Claro abriu inscrições em seu site no início de julho para que interessados em adquirir o aparelho pudessem se cadastrar. Treze dias depois, ela afirmou que 100 mil pessoas haviam se cadastrado, mas não quis atualizar mais o número depois disso.
Já a Vivo informou que usaria o iPhone como forma de fidelizar seus clientes e, por isso, restringiria a venda a parte de seus assinantes, entre os quais ela identificaria o perfil de usuário de iPhone, a quem ela encaminhou uma correspondência oferecendo o produto.
Os usuários selecionados receberam uma gravação em seus celulares feita pelo próprio presidente da Vivo, Roberto Lima.



A versão do iPhone para a terceira geração de celular foi lançada no dia 11 de julho nos Estados Unidos. Em agosto, o modelo chegou a outros 22 países, incluindo alguns da América Latina.
A Telefónica, que controla 50 por cento do capital da Vivo, e a América Móvil acertaram contratos com a Apple para comercializar o modelo em todo o continente, incluindo o Brasil.
Dados da consultoria Predicta mostram que, até agosto, passava de 1 milhão o número de acessos à Internet através de iPhone, apesar do modelo ainda não estar oficialmente à venda no país.



A consultoria explica que o iPhone utiliza um sistema operacional exclusivo e por isso consegue identificar os acessos de forma tão clara. Ela não dispõe, entretanto, do número de aparelhos já existentes no Brasil.


Fonte:Yahoo(Edição de Vanessa Stelzer)
Brasil Eventos

24 de set. de 2008

PARTE I: O Papo do Patife

Pensamentos despenteados para dias de vendaval.

“Aquele que sai vencedor de uma discussão deve-o, muitas vezes, não tanto à veracidade dos juízos expostos em suas proposições, quanto à astúcia e à destreza com que os defende.” (Arthur Schopenhauer)
Por Neilton Lima*
Professor, pedagogo e pós-graduando em psicopedagogia.

A razão pode dar golpes sujos. A patifaria intelectual faz uso e abuso da inteligência e das palavras. Em vez de procurar a verdade, o adversário quer destruir seu oponente. A arte de discutir transforma-se na luta sem escrúpulos para confundir com desvios. Uma coisa é querer persuadir alguém de nossas convicções. Outra, bem diferente, é querer que o adversário, no meio da polêmica, perca a capacidade de responder e, por fim, se cale para sempre. Isso é muito cometido pelos políticos inescrupulosos e, como estamos vivendo um momento propício, vamos nos defender ficando por dentro de “Como vencer um debate sem precisar ter razão”.
Depois de ler 6 das 38 arapucas do discurso, baseado no filósofo Arthur Schopenhauer, poderemos talvez perder a ingenuidade de acreditar em tudo, ou em quase tudo, do que nos dizem os grandes oradores, os grandes palestrantes, os grandes debatedores, os grandes políticos ou de todos aqueles que fazem uso da arte da conversação. Mas já estava na hora, né?

Estratagema 01: Encolerizar o adversário.

1. Explicação: Ser injusto, provocar raiva no adversário a fim de não o deixar aproveitar a vantagem.

Para confundir e calar o outro o patife pretende provocar a raiva no interlocutor. Se eu conseguir deixar o meu adversário zangado por algum motivo, devo aproveitar para deixá-lo mais zangado ainda. Digamos que ele seja espírita e eu digo que os espíritas precisam reencarnar dez vezes para conseguir entender um argumento. Se ele ficar irritado, devo continuar a irritá-lo, dizendo, por exemplo, que um espírita que recebe mensagens do além não pode receber os direitos autorais do que escreveu... Ou psicografou, pois suas idéias são emprestadas etc. Se eu conseguir que o meu interlocutor se irrite, conseguirei evitar que pense e fale com clareza.

Estratagema 02: Incompetência irônica.

2. Explicação: Declararmo-nos ironicamente incompetentes de entender a opinião. É melhor quando se tem autoridade. Contra-ataque: Dizer que o assunto é fácil, então foi por falha de explicação ele não entendeu, e explicar de novo.

A coisa pode soar assim: "Olha, meu amigo, a sua argumentação é tão profunda e eu sou tão limitado que não consigo entender o seu pensamento." Dessa forma, estou insinuando que o outro é que é confuso, limitado e incapaz de explicar o que pensa.

Estratagema 03: Discurso incompreensível.

3. Explicação: Assustar e desconcertar o adversário com palavreado sem sentido.

Em sentido inverso ao anterior, é dizer coisas incompreensíveis com ar de profundidade para que o outro se sinta humilhado e, fingindo que compreende, acabe por aceitar tudo o que dissermos. Então, se eu digo: "O paradigma da interação integra o jogo de inúmeras forças concêntricas que, sem privilegiar o efeito, anulam de certo modo a causa. Trata-se, na verdade, de sistemas autogênicos não-ordinários e não-cumulativos que, sem dúvida, exigem uma nova percepção do fenômeno, você concorda?" — poucas pessoas terão coragem de contradizer-me.

Estratagema 04: Rótulo odioso.

4. Explicação: Submeter a afirmação adversária a uma categoria odiosa: Isso é maniqueísmo, isso é nazismo, isso é idealismo, de forma a fazer o público identificar a categoria com a qual já tem preconceito.

Outra possibilidade, bastante difundida nos meios acadêmicos e jornalísticos, é utilizar os chamados "rótulos detestáveis". Em vez de argumentar intelectualmente, procurando o que há de verdade e mentira no discurso alheio, eu posso simplesmente rotular o meu adversário, tirando-lhe o direito de falar: os esquerdistas, ou direitistas, ou arrogantes, ou dogmáticos, ou ateus, ou qualquer outro adjetivo-rótulo pressupõe que o rotulado está proibido, numa sociedade tão democrática como a nossa, de defender suas odiosas idéias. E geralmente o rotulado começa a querer explicar-se e definir-se, dizendo que é ateu por isso e por aquilo, mas que nem por isso é um mau sujeito, ou que não é dogmático embora acredite em dogmas por essas e por outras etc. etc., o que apenas reforça o rótulo e desvia a atenção do que realmente interessava.

Estratagema 05: Negação da teoria na prática.

5. Explicação: Dizer que na prática não vai funcionar. Um dos sofismas preferidos pela mentalidade brasileira é tentar destruir o adversário afirmando que tudo o que ele disse está muito certo... Na teoria, mas que na prática não dá nada certo. Desse modo, desautorizo tudo o que o outro disse porque pressuponho, baseado na observação da vida cotidiana, que, no final, tudo acaba mesmo em pizza, piada e carnaval. O que não deixa de ser, também, uma interessante teoria sobre nós mesmos.

Estratagema 06: Perguntas em ordem alterada.

6. Explicação: Perguntas em ordem diversa a fim de confundir o adversário.

No decorrer da discussão, fazer uma porção de perguntas, um verdadeiro tiroteio que impeça o outro de pensar e responder: "Quanto à linguagem complexa das ciências e sua tradução para linguagem do leigo, eu pergunto: será que o mesmo vale para a microfísica? Para a biologia, por exemplo, será que pode não falar em síntese dos ácidos, mas usar algo mais leigo? Por que o filósofo é sempre acusado de usar uma linguagem estranha ao leigo? Mas a linguagem do leigo é mais simples? A condenação conferida pelo juiz a um réu é efetivada por qual ação? Não é o fato de ele dizer "condenado"? Mas qual ação ele realizou aí? Ele disse algo e, após, bateu com um martelo na mesa. Mas em que momento ele condenou? Ao dizer? Ao bater com o martelo? Ou em ambos? E isto é uma convenção ou não? Pode um juiz dizer 'você está frito' e com isto querer dizer 'condenado'? E se em vez de bater com o martelo ele batesse palmas?" As perguntas podem ser infinitas, e infinitamente irrespondíveis.

Aquele Abraço!

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

SCHOPENHAUER, Arthur. Como vencer um debate sem precisar ter razão: em 38 estratagemas (dialética erística). Introdução, notas e comentários de Olavo de Carvalho. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997.

 

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