É polêmica a definição de analfabetismo. No Brasil, considera-se oficialmente alfabetizado quem sabe escreve um simples bilhete. Mas existem estudos indicando que quem não foi pelo menos quatro anos à escola, pode ser um analfabeto de fato.
Sem esses quatro anos para fixar as letras, a pessoa esqueceria o que aprendeu. Dentro desse critério, calcula-se que 41% dos brasileiros seriam analfabetos. Essa taxa tem um grave efeito político.
A democracia é o regime que garante a liberdade de todos escolherem os seus governantes. Mas só existe liberdade quando se pode optar. E só existe opção quando se tem informação.
Apesar das advertências sobre suas contradições, publicadas em jornais e revistas, Fernando Collor venceu as eleições á Presidência. Havia uma série de dados mostrando a diferença entre o que ele prometia e o seu passado, inclusive no campo da moralidade.
Por isso, a educação é um dos pilares básicos da democracia. Quanto maior a politização, mais difícil será a vida dos demagogos. Não é apenas uma questão política, mas de reclamar por todos os seus direitos. O direito de não morrer na fila do INSS, de ter seus direitos trabalhistas garantidos, de ser indenizado por ter ingerido produtos estragados, etc.
Gilberto Dimenstein em ‘O Cidadão de Papel’
Comentário de Luiz Carlos de Souza Santos:
Collor veio de Alagoas, um estado do Nordeste, uma região de peões e coronéis. Como todo bom patrício nordestino Collor aprendeu bem as técnicas de idiotificação com os velhos coronéis do sertão, tão bem que ludibriou o Brasil todo.
Um pobre sindicalista e ex-torneiro mecânico, de aparência rústica e fala ruin mas ainda assim um autêntico representante popular não foi páreo ao rapaz rico, branco, de boa lábia,bons modos e bem vestido mas com um caráter de mafioso que teve facilidade em dissimular para os alfabetizados que não queriam ser governados por um metalúrgico e melhor ainda para os analfabetos que se quer sabiam ler os jornais.
A técnica é bem simples, tanto que até um analfabeto pode entender, basta investir menos de 4% do PIB nacional em educação, só por dizer... de faz de contas.
Esse dinheiro da pra encher uma sala de aula de 10x10 metros com 50 ou 60 alunos, mal-pagar os professores e para o pão amassado com goiabada da merenda. Pronto! Tudo fica muito bem: os governantes fingem que investem em educação, os professores fingem que ensinam, os alunos não aprendem, crescem e se tornam adultos idiotas, e votam no político que melhor dominar a arte de idiotificar, este por sua vez finge que é honesto que se importa que tenha compromisso e que vai mudar as coisas. Eis o ciclo de sucesso que fará com que o Brasil se torne uma grande nação!
Muito obrigado, minha gente!