Por Neilton Lima*
*Professor, pedagogo e pós-graduando em Psicopedagogia.
"A amizade é haver uma alma em dois corpos."
“Nem mesmo o mais justo dos homens seria plenamente feliz sem amigos.”
(Aristóteles)
Muitas vezes, apressadamente, chamamos alguém de “amigo”. Toda essa pressa nos faz esquecer de que para a existência da amizade é preciso haver reciprocidade nas relações. Assim, entre os humanos ela é movida por sentimentos e pela razão. A pedido de um dos leitores do nosso blogger, aqui está boa parte do que precisamos saber a respeito do tema.
A amizade é um tipo de amor definido pelos gregos de Philia. Este sentimento é caracterizado pela benevolência ativa e mútua, companheirismo, equidade e estima entre seres. Isto é, “cada um dos amigos querendo o que é bom para o outro”. Logo, “a amizade é uma afecção do impulso, responsável por sentimentos agradáveis ou penosos em relação a outra pessoa”.
Existem três tipos de amizade: a amizade por interesse, a amizade pelo prazer e a amizade pela boa vontade. Na amizade pelo interesse os amigos se amam por causa de algum proveito que pode tirar do outro, como status, segurança ou dinheiro. Na amizade por prazer funciona assim: “posso ser amigo de alguém porque me sinto mais bonito que ele e, portanto, me sinto bem”, ou seja, não amo meu amigo por si mesmo, mas o amo porque é um meio para minha satisfação própria. O terceiro tipo e mais elevada forma de amizade, a amizade pela boa vontade, dá conteúdo para o que se segue.
O pensador grego Plutarco disse que a essência da amizade é exatamente o gosto pelas mesmas coisas que dividimos com outra pessoa. Ele se esforçou para diferenciar o amigo do bajulador, isto é, aquela pessoa carregada de elogios envaidecedores. Segundo o pensador, o bajulador é um imitador barato, só consegue reproduzir aquilo que é mau, promete aquilo que não é capaz de fazer, sempre tenta destacar em público aquele a quem deseja agradar, sempre serve a quem pode lhe satisfazer os desejos, a visão está sempre na aparência das coisas e nunca é franco com alguém. Enfim, o bajulador é um falso amigo que se serve da sedução para mexer com o orgulho e a vaidade de quem ele supostamente julga ser um amigo. Claro, o verdadeiro amigo não é assim. Vejamos então do que se trata a verdadeira amizade.
Dizem que os opostos se atraem. O filósofo Heráclito de Éfeso pensou a amizade como uma forma de união. Essa união acontece quando a pessoa busca no amigo aquilo que ele tem de bom, portanto a vontade de se tornar alguém melhor. Temos aqui uma espécie de egoísmo positivo.
Conforme o filósofo Aristóteles, a amizade existe entre os animais, como o cão, e neles é um sentimento natural. Entre os seres humanos, a amizade está relacionada com a justiça, pois entre amigos há “a consciência do dever de retribuir os benefícios recebidos”. Isso significa que nós gozamos de racionalidade para estabelecer nossas relAÇÕES amistosas, os outros animais, não. E é justamente nossa razão, guiada pelos princípios virtuosos da justiça e da lealdade, que conquistam o amigo.
Na nossa ação damos ao outro a possibilidade de nos julgar. Temos o direito natural de sentirmos raiva, prazer, medo... Mas os modos como os manifestamos nas ações é algo que passa por nossas escolhas. Por isso dizemos que na relação entre amigos não deixa de existir os sentimentos de raiva, medo e prazer, entre outros, mas nas formas ou reações em que se exprimem é que não dá espaço para a crueldade e a maldade. Visto assim, a pessoa que mente, omite, causa prejuízos ou comete atos insanos e danosos, hostilidades, vícios, extremos e bajulações nas relações humanas, cultiva a falsa amizade.
“Não há amigo sem prova ou amigo de um só dia”. O amigo se revela na ação bela, útil e prazerosa. Por isso dizemos aqui que a amizade nasce nas relações que as pessoas estabelecem com base em algo que estimam conjuntamente: o bom, o prazeroso, o vantajoso. Assim, para ser amigo de verdade, é preciso ser cúmplice de ideais.
Quando uma das partes age exclusivamente em proveito próprio, não temos a amizade. Pois vimos que a amizade implica uma identidade ou coincidência entre pessoas, o prazer em si mesmo de estar com o outro (amizade perfeita) ou ainda a um fim relativamente comum que dá o retorno a ambas as partes. “Na amizade perfeita, os amigos escolhem um ao outro em razão do que eles são em si mesmos, ou seja, eles são bons absolutamente”.
Sumariamente, vou concluir para você, amigo leitor, o que é preciso para haver um “bolo” de amigos ou a “receita” do sentimento da amizade verdadeira. Os ingredientes são: franqueza em boa medida; benevolência mútua, isto é, que ambos se queiram bem, queiram o bem para o outro e são capazes de por em prática esse bem na medida do possível; o cumprimento de direitos e deveres de ambas as partes; ambos serem justos, logo, virtuosos; retribuir positivamente os benefícios recebidos; compartilhar algo, respeitando o princípio da equidade; a busca de objetivos e benefícios conjuntos; de ações boas para o amigo, tempo e atitude recíproca para ele; ajuda nos momentos difíceis ou na convivência, por ser prazeroso.
Muitas vezes a amizade acontece do nada, outras vezes é construída com anos de dedicação ao outro. Para todas as formas, ela é um sentimento humanamente frágil. Por isso, ter amigos é um exercício de cuidado. “Ao escolhermos um amigo, temos com ele um sentimento de afeição, respeito, carinho e consideração. (...) a amizade tolera e aceita as diferenças e tenta compreender os percursos do outro. Pede fidelidade, sem exclusividade”.
Posso dizer com segurança que um dos princípios que fundamenta o nosso blogger é o da amizade. O Despolitizado dispensa tempo e dedicação nessas matérias para mostrar a todos que o nosso desejo é o de viver bem juntos. Se desenhamos ou escrevemos, se brincamos ou falamos sério, temos todos a finalidade de trazer à consciência política dos nossos leitores a importância de viver bem juntos. E é isso porque lutamos e desejamos para todos, neste ano, no ano novo que se aproxima e para toda a vida!
Aquele Abraço!
*Professor, pedagogo e pós-graduando em Psicopedagogia.
"A amizade é haver uma alma em dois corpos."
“Nem mesmo o mais justo dos homens seria plenamente feliz sem amigos.”
(Aristóteles)
Muitas vezes, apressadamente, chamamos alguém de “amigo”. Toda essa pressa nos faz esquecer de que para a existência da amizade é preciso haver reciprocidade nas relações. Assim, entre os humanos ela é movida por sentimentos e pela razão. A pedido de um dos leitores do nosso blogger, aqui está boa parte do que precisamos saber a respeito do tema.
A amizade é um tipo de amor definido pelos gregos de Philia. Este sentimento é caracterizado pela benevolência ativa e mútua, companheirismo, equidade e estima entre seres. Isto é, “cada um dos amigos querendo o que é bom para o outro”. Logo, “a amizade é uma afecção do impulso, responsável por sentimentos agradáveis ou penosos em relação a outra pessoa”.
Existem três tipos de amizade: a amizade por interesse, a amizade pelo prazer e a amizade pela boa vontade. Na amizade pelo interesse os amigos se amam por causa de algum proveito que pode tirar do outro, como status, segurança ou dinheiro. Na amizade por prazer funciona assim: “posso ser amigo de alguém porque me sinto mais bonito que ele e, portanto, me sinto bem”, ou seja, não amo meu amigo por si mesmo, mas o amo porque é um meio para minha satisfação própria. O terceiro tipo e mais elevada forma de amizade, a amizade pela boa vontade, dá conteúdo para o que se segue.
O pensador grego Plutarco disse que a essência da amizade é exatamente o gosto pelas mesmas coisas que dividimos com outra pessoa. Ele se esforçou para diferenciar o amigo do bajulador, isto é, aquela pessoa carregada de elogios envaidecedores. Segundo o pensador, o bajulador é um imitador barato, só consegue reproduzir aquilo que é mau, promete aquilo que não é capaz de fazer, sempre tenta destacar em público aquele a quem deseja agradar, sempre serve a quem pode lhe satisfazer os desejos, a visão está sempre na aparência das coisas e nunca é franco com alguém. Enfim, o bajulador é um falso amigo que se serve da sedução para mexer com o orgulho e a vaidade de quem ele supostamente julga ser um amigo. Claro, o verdadeiro amigo não é assim. Vejamos então do que se trata a verdadeira amizade.
Dizem que os opostos se atraem. O filósofo Heráclito de Éfeso pensou a amizade como uma forma de união. Essa união acontece quando a pessoa busca no amigo aquilo que ele tem de bom, portanto a vontade de se tornar alguém melhor. Temos aqui uma espécie de egoísmo positivo.
Conforme o filósofo Aristóteles, a amizade existe entre os animais, como o cão, e neles é um sentimento natural. Entre os seres humanos, a amizade está relacionada com a justiça, pois entre amigos há “a consciência do dever de retribuir os benefícios recebidos”. Isso significa que nós gozamos de racionalidade para estabelecer nossas relAÇÕES amistosas, os outros animais, não. E é justamente nossa razão, guiada pelos princípios virtuosos da justiça e da lealdade, que conquistam o amigo.
Na nossa ação damos ao outro a possibilidade de nos julgar. Temos o direito natural de sentirmos raiva, prazer, medo... Mas os modos como os manifestamos nas ações é algo que passa por nossas escolhas. Por isso dizemos que na relação entre amigos não deixa de existir os sentimentos de raiva, medo e prazer, entre outros, mas nas formas ou reações em que se exprimem é que não dá espaço para a crueldade e a maldade. Visto assim, a pessoa que mente, omite, causa prejuízos ou comete atos insanos e danosos, hostilidades, vícios, extremos e bajulações nas relações humanas, cultiva a falsa amizade.
“Não há amigo sem prova ou amigo de um só dia”. O amigo se revela na ação bela, útil e prazerosa. Por isso dizemos aqui que a amizade nasce nas relações que as pessoas estabelecem com base em algo que estimam conjuntamente: o bom, o prazeroso, o vantajoso. Assim, para ser amigo de verdade, é preciso ser cúmplice de ideais.
Quando uma das partes age exclusivamente em proveito próprio, não temos a amizade. Pois vimos que a amizade implica uma identidade ou coincidência entre pessoas, o prazer em si mesmo de estar com o outro (amizade perfeita) ou ainda a um fim relativamente comum que dá o retorno a ambas as partes. “Na amizade perfeita, os amigos escolhem um ao outro em razão do que eles são em si mesmos, ou seja, eles são bons absolutamente”.
Sumariamente, vou concluir para você, amigo leitor, o que é preciso para haver um “bolo” de amigos ou a “receita” do sentimento da amizade verdadeira. Os ingredientes são: franqueza em boa medida; benevolência mútua, isto é, que ambos se queiram bem, queiram o bem para o outro e são capazes de por em prática esse bem na medida do possível; o cumprimento de direitos e deveres de ambas as partes; ambos serem justos, logo, virtuosos; retribuir positivamente os benefícios recebidos; compartilhar algo, respeitando o princípio da equidade; a busca de objetivos e benefícios conjuntos; de ações boas para o amigo, tempo e atitude recíproca para ele; ajuda nos momentos difíceis ou na convivência, por ser prazeroso.
Muitas vezes a amizade acontece do nada, outras vezes é construída com anos de dedicação ao outro. Para todas as formas, ela é um sentimento humanamente frágil. Por isso, ter amigos é um exercício de cuidado. “Ao escolhermos um amigo, temos com ele um sentimento de afeição, respeito, carinho e consideração. (...) a amizade tolera e aceita as diferenças e tenta compreender os percursos do outro. Pede fidelidade, sem exclusividade”.
Posso dizer com segurança que um dos princípios que fundamenta o nosso blogger é o da amizade. O Despolitizado dispensa tempo e dedicação nessas matérias para mostrar a todos que o nosso desejo é o de viver bem juntos. Se desenhamos ou escrevemos, se brincamos ou falamos sério, temos todos a finalidade de trazer à consciência política dos nossos leitores a importância de viver bem juntos. E é isso porque lutamos e desejamos para todos, neste ano, no ano novo que se aproxima e para toda a vida!
poxa muita massa a materia cara, parabens mesmo. gostei bastante. mais ainda procuro um amigo fiel igual ao cão ... e nos dias de hoje ta dificil...kkkk
ResponderExcluirrealmente a amizade é uma relação muito complicada de se ter... tem bastante pessoas que finge ser seus amigos e na verdade soh estão com vc por algum interresse... eu não vou ser hipocrita.. mais ja tive amizade com um amigo meu interressado na irmã dele ... acabou que a gente namorou um tempo, mas mesmo assim eu continuei a amizade até hoje com ele e o meu namoro com a irmã dele terminou... acontece a gente entra com interresse e acaba se tornando amigo de verdade.. é isso .. falou abraço e parabéns ai cara...
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